domingo, 4 de julho de 2010

Medo; Medo de quê ?

      Vivemos numa cultura em que o Medo tem conotação negativa; o medo é algo ruim, e sentir medo é algo que nos envergonha. E o mais curioso é que vivemos numa sociedade dominada pelo medo.
     Primeiro de tudo, é necessário lembrar que existe um medo “bom”, uma poderosa ferramenta instintiva que nos alerta toda vez que estamos em perigo: se nos vemos diante de um leão feroz, por exemplo, esse medo produz uma descarga de adrenalina em nosso organismo que nos coloca plenamente em alerta: a mente torna-se excepcionalmente lúcida e focada; os músculos ficam rijos e prontos para utilizar toda nossa energia numa fuga ou em alguma reação.
     O problema surge quando nossa psique enxerga um leão em qualquer gatinho; tudo nos ameaça: a violência urbana, o trânsito, a pressão no emprego, as dívidas, os problemas familiares, os problemas de saúde. Nesse estado o medo não é mais um sinal de alerta: é um estado constante de insegurança.
     Os leões imaginários surgem quando nossa autoconfiança diminui. Nossa capacidade de viver depende de uma predisposição psicológica, uma segurança interior; a vida não tem garantias absolutas: o veado que pasta tranquilamente numa planície infestada de leões confia em sua capacidade de correr e fugir do perigo; um erro de julgamento pode lhe custar a vida.
     Nós estamos livres das feras, mas há outros monstros que nos atormentam: o receio de que alguém roube nossos preciosos bens materiais; a perda do emprego, ou de algum ente querido; enfim, medo de errar e perder; medo patológico, que nos impede de viver bem.
     Viver com intensidade exige uma dose de ousadia; ousadia só é possível com autoconfiança.
     Não é um caminho fácil de trilhar; o medo é estimulado de várias formas; os meios de comunicação gostam de explorar receios coletivos. Uma sociedade com medo consome mais, exige menos e é mais fácil de manipular.
     Tampouco há fórmulas mágicas; trabalhar fobias demanda esforço de compreensão, perseverança e paciência:

• Preciso usar o filtro da razão para devolver um a um meus leões imaginários à condição de gatinhos.
• Preciso desenvolver a interiorização, conectar-me à fonte original da confiança interior.

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