sábado, 23 de outubro de 2010

Sonhos: Janela para o Autoconhecimento

Este é o resumo da palestra proferida no último dia 22 no espaço Íris:

O Imaginário dos sonhos

            O conteúdo dos sonhos sempre influenciou poderosamente a humanidade; boa parte das revelações divinas dos mais diversos místicos vieram na forma de sonhos. Elementos importantes de nossa cultura, como a música Yesterday, de Paul McCartney, ou os quadros de Salvador Dali, ou ainda o personagem Frankenstein de Mary Shelley, foram produto de sonhos; elem influenciam inclusive o mundo científico: a mais importante fórmula da física moderna (E=mc2), ocorreu a Einstein durante um sonho.
            Durante a noite nossa mente executa uma complexa série de atividades; os sonhos são recordações confusas de todo esse processo; alguns exemplos de atividades registradas em sonhos:

  • Resumo do dia: as recordações do que ocorreu durante o dia ficam armazenadas na chamada Memória Recente (hipocampo); à noite este material é classificado e enviado para a memória propriamente dita (córtex cerebral); neste processo são elaborados resumos e interpretações dos acontecimentos. Estes resumos são produzidos por 3 centros básicos, nossas fábricas de sonhos:

a)     Centro Mental: Responsável pelos processos de raciocínio e pela resolução de problemas. Linguagem racional.
b)     Centro Emocional: Emoções e sentimentos; sonhos com linguagem profundamente simbólica; a intensidade das emoções é registrada em contrastes de luz x trevas, espaços amplos x prisões, leveza x peso; emoções como paixão ou entusiasmo aparecem em cenários ricamente iluminados, paisagens exuberantes e amplas; cenários onde prevalecem o medo ou o ódio são escuros, úmidos, limitados por paredes grossas. O fenômeno de voar em sonhos é comum em produções deste centro, e pode indicar o desejo de sair de uma situação difícil.
c)      Instintivo/Motor/Sexual: Reúne as informações geradas pelo próprio corpo físico; reflete a intensa conexão entre o corpo e a mente. Em seus resumos ele expressa suas respostas às atividades da mente e da emoção.

  • Comunicação entre partes da psique: Nós não somos uma unidade psicológica; somos formados por diferentes eus, diversas partes autônomas que muitas vezes possuem valores contraditórios e podem inclusive umas ignorarem a existência das outras; essa ilusão de unidade psicológica que experimentamos durante o dia é falsa e é muito simples demonstrar isso. Um bom exemplo está nas transformações que experimentamos durante um momento de irritação, quando ficamos “cegos” de ódio e um elemento psicológico carregado de violência assume o controle da máquina humana por alguns instantes. O objetivo de um trabalho de autoconhecimento é descobrir estes elementos e produzir sua integração; apenas uma psique integrada permite que nós utilizemos todo nosso potencial. Alguns exemplos de partes autônomas da psique:

1)     A Criança Interior: espontânea e brincalhona; quando é reprimida torna-se a origem de nossos caprichos.
2)     A representação do Pai e/ou da Mãe: seguem dentro de nossa psique reproduzindo a dinâmica do relacionamento que tínhamos com eles na infância e na adolescência.
3)     O Velho Sábio: um dos arquétipos básicos citados por Jung; representa nossa superconsciência.

  • Mecanismo de Compensação: é uma forma de aliviar as tensões psicológicas produzidas por nosso comportamento repressivo. Nós herdamos isso da sociedade em que vivemos: valores culturais ou religiosos que nos obrigam a adotar certos comportamentos que não são nossa índole natural, como um voto de castidade. Os elementos reprimidos buscam equilibrar a situação expressando-se em sonhos. Isso pode evoluir para uma situação mais complexa, e é um importante indicativo de que alguma coisa deve ser modificada. A repressão é uma ferramenta muito limitada; é melhor substituí-la por comportamentos baseados em compreensão.

Duas dicas para interpretação de sonhos

            O Dr. Robert Hoss propõe seis perguntas básicas para serem feitas no momento da recordação do sonho:

1- Quem eu sou (que aparência tenho)
2- O que faço (que atividades realizo no sonho)
3- O que me agrada no sonho
4- O que me desagrada
5- Do que tenho medo
6- Qual é meu desejo

            O Dr. Robert Johnson, autor da série de livros He, She e We, ensina a dirigir perguntas aos elementos do sonho, pedir que eles expliquem seu significado.
            Nas duas técnicas é importante sentir o próprio interior, incentivar a manifestação de nosso lado intuitivo.

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