domingo, 11 de setembro de 2011

Pérolas de "Comer, Rezar e Amar" (Elizabeth Gilbert)

          
           Eu acredito que há dois ingredientes que explicam o enorme sucesso do livro de Elizabeth Gilbert: o primeiro deles é que a autora vive um problema tremendamente comum nos tempos de hoje, talvez uma das marcas registradas de nosso tempo: o divórcio; muito mais que a separação em si, Elizabeth foi muito feliz em retratar tudo que está envolvido no processo, desde o doloroso processo de amadurecer a decisão de separar, passando pela separação em si e na enorme dificuldade de reestruturar a própria vida depois; só isso seria suficiente para garantir o sucesso do livro. Mas há ainda a questão do vazio existencial e da busca espiritual, outra marca registrada de nossos tempos; somos uma sociedade em crise com nossa religiosidade. Mais ainda: religiosidade é cada vez mais uma questão pessoal, a busca de nossa ligação particular com Deus. Ao descrever sua própria busca a autora é deliciosa: longe dos estereótipos do guru que passa receitas prontas de como chegar ao divino, ela descreve de forma divertida e bem-humorada os altos e baixos de seu atrapalhado caminho até Deus. Eu destaquei aqui alguns pontos desse universo espiritual descritos no livro:

            No início de sua busca, em plena crise, ela descreve uma oração de enorme simplicidade que utiliza ao “conversar” com Deus: Por favor, diga-me o que fazer.
            Em sua busca ela faz contato com a Yoga e os exercícios de meditação; ela é ensinada a meditar no seguinte mantra sânscrito: OM NAMAH SHIVAYA (Eu saúdo a divindade que reside em mim).
            Em sua primeira viagem à Bali, ao pedir a um curandeiro ajuda para experimentar Deus, ele lhe mostra um quadro onde uma figura andrógina, de pé, tem quatro pernas, e no lugar da cabeça há flores e folhagens. Ele lhe diz: Para encontrar o equilíbrio que você busca, isto é o que você deve se tornar: você deve ter seus pés apoiados firmemente na terra, como se tivesse quatro pernas. Dessa forma você estará no mundo. Mas você deve parar de olhar o mundo com sua cabeça; deve fazê-lo com seu coração; dessa maneira irá conhecer Deus.
            Refletindo sobre as palavras do curandeiro ela vê relação com o que os gregos chamam kalos kai agathos: o singular equilíbrio entre o bem e a beleza, o estado de liberdade para o exercício do prazer e da devoção.
            Já na Itália, reflexão sobre um trecho do Bhagavad Gita: é melhor viver seu próprio destino imperfeito do que imitar alguém que viveu com perfeição.
            Elizabeth está na Índia, realizando um retiro num ashram; ao descrever o conceito budista da mente (os pensamentos como um macaquinho pulando freneticamente de um galho para outro) ela menciona o conceito budista de Deus: uma presença; porque ele está presente, está aqui agora. Apenas no presente ele pode ser encontrado, agora é o único tempo possível.
            Ainda no ashram, refletindo sobre sua tendência a ser sempre ansiosa, ela cita uma frase da avó de um amigo: Não há problema no mundo tão sério que não possa ser curado com um banho quente, um copo de whisk e um livro de orações. Moral da história: deixe para se preocupar quando as coisas realmente forem sérias.
            Elizabeth está aprendendo a controlar seus pensamentos; o primeiro passo é observá-los durante todo o dia; ele aprende um exercício em que visualiza sua mente como uma ilha; todo acesso à ilha é feito através de um porto. O objetivo de sua vigília é não permitir que pensamentos negativos desembarquem ali.
            Um colega do ashram, o neozelandês W.J. O´Connell, deixou para ela um texto intitulado Intruções para a Liberdade:
  • As metáforas da vida são instruções de Deus
  • Você apenas subiu no telhado; não há nada entre você e o Infinito; basta ir.
  • O dia está terminando. É tempo de algo que foi bonito transformar-se em algo belo; basta ir.
  • Seu desejo de vir foi uma prece; você estar aqui uma resposta de Deus. Veja as estrelas surgirem no exterior e no interior.
  • Com todo seu coração, peça uma graça, e siga.
  • Com todo seu coração, perdoe ele, perdoe a si mesmo, e siga.
  • Veja o calor do dia tornar-se o frescor da noite, e siga.
  • Quando o karma de um relacionamento se realiza, apenas o amor permanece. É seguro.Siga.
  • Quando o passado passar por você, deixe-o ir. Em seguida desça e comece o resto de sua vida com grande alegria.

Ditado balinense: bhuta ia, dewa ia (o homem é um demônio, o homen é um deus)

2 comentários:

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